quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Aromatizantes

O índice de obesidade tem aumentado no mundo todo e as pessoas se perguntam o porquê. “São os fast-foods”, dizem alguns numa resposta incompleta. “São as gorduras trans”, respondem outros, ignorando que, apesar de todos os males das gorduras transaturadas, estas não guardam mais quilocalorias do que as saturadas, logo não podem engordar mais. Muitos especialistas se lembram da compulsão alimentar, mas esquecem que esta não pode ser tomada como causa primária, afinal também ela há de ter uma causa. A razão por que as pessoas têm engordado são os aditivos químicos nos alimentos, em especial os aromatizantes.

Para entender bem isto, teorizemos os prazeres da alimentação. São três e aparecem numa ordem bem definida. O primeiro é o olfato. Ele nos indica quando estamos próximos a um alimento (“cheiro de comida”, mesmo quando não sabemos que comida é) e é responsável por abrir o apetite (“hummm… que cheirinho bom, deu até água na boca”). O segundo prazer é o paladar. Este nos indica se o que colocamos na boca é de fato comestível. Os sabores picante, azedo e, sobretudo, amargo costumam indicar algum tipo de veneno e, neste caso, tendemos a cuspir o que temos na boca, exceto pelo fato de que o homem aprendeu a apreciar estes sabores. O órgão responsável pelo paladar é a boca, não apenas a língua: temos papilas gustativas também nas gengivas e nas bochechas, de modo que temos naturalmente mais prazer ao espalhar a comida por toda a cavidade bucal, a despeito do que possa dizer a etiqueta. O paladar também alerta nosso organismo para iniciar a digestão. Por fim, o último prazer presente na alimentação é a saciedade, que ocorre no estômago (quando colocamos a mão sobre a barriga e pensamos “Nossa, como eu comi bem”). Ele nos alerta que já comemos o suficiente e não devemos comer mais.

Vemos que o primeiro e o último prazer têm funções bem adequadas e complementares: enquanto o olfato abre o apetite, a saciedade elimina todo o apetite aberto pelo olfato. O grande problema então de certos aditivos químicos, em particular dos aromatizantes (que provocam o olfato), é que estes abrem o apetite. Mais até do que saciam. Trata-se de uma estratégia comercial: com o apetite aberto pelo aroma, você se sente impulsionado a consumir o alimento e, uma vez que este não sacia todo o seu apetite, você tem vontade de comer mais, consumir mais, mesmo que já não precise. E eis a compulsão alimentar.

O leitor mesmo já deve ter tido a experiência de passar em frente a um fast-food como, por exemplo, o Subway. O Subway é aromatizado; não apenas os lanches, mas todo o ambiente. Aquele cheirinho de orégano, tomate e queijo é de dar fome, ou melhor, água na boca. Mas você não estava sentindo fome até passar em frente ao Subway. Outro exemplo é o famoso miojo (ou, mais corretamente, lámen). Este é conhecido por “encher na hora”, mas a fome volta pouco depois. Experimente então substituir o tempero pronto do lámen por um simples molho de tomate pronto (algumas marcas não contêm aromatizantes). A verdade é que não há muita diferença entre um lámen e um macarrão tradicional, afinal ambos são basicamente massa de sêmola de trigo. Mais até, um lámen não passa de um macarrão cozido na água junto com o tempero e servido na mesma água em que foi cozido (se você escoou a água, está comendo macarrão tradicional, não lámen).

E é assim que aromatizantes e outros aditivos químicos fazem as pessoas comerem demais. Não percebemos isto porque estamos acostumados a balancear nossa alimentação com base no apetite e na saciedade. Seguem as últimas dicas para uma alimentação mais saudável: 1) evite alimentos com aditivos químicos (exceto corantes naturais, conservantes, acidulantes, estabilizantes…); 2) prefira alimentos com mais sabor e que saciem mais a alimentos com mais aroma; 3) coma verduras e legumes regularmente; legumes saciam e verduras auxiliam a digestão, tornando-a mais proveitosa; 4) espalhe o alimento na boca para dar mais paladar; o paladar causa um alívio instantâneo da fome; mais paladar significa o fim mais cedo da fome; 5) coma devagar e descanse alguns minutos logo após a refeição; a ansiedade acelera a digestão, acarretando mau aproveitamento dos nutrientes e esvaziando o estômago mais rapidamente; 6) divida sua alimentação diária em várias refeições pequenas; quando o organismo recebe muita comida de uma vez, tende a trabalhar mais rápido para digerir tudo.

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