quinta-feira, 25 de julho de 2013

Nacionalismo é sempre um mal

Muito já se falou sobre os diferentes tipos de nacionalismo e a nocividade de cada um. O mais criticado é o nacionalismo exacerbado, que promove guerras e incentiva a violência física e a xenofobia. Mas a verdade é que todos eles são nocivos. Basta observarmos o conceito de nação. Não pretendo aqui dar uma definição precisa, mas posso indicar quatro elementos principais que caracterizam uma nação: território, povo, cultura (quero dizer, comportamento, costumes) e Estado. Destes apenas dois são inofensivos, a saber, o povo e sua cultura.

A ideia de território é uma que dá margem a guerras e xenofobia. Mas a terra não fala, não argumenta, não motiva ninguém ao erro. O elemento mais perigoso de uma nação afinal é o Estado. Todos sabemos que este tem suas imperfeições. Mas o nacionalista, apesar de criticar o Estado e dele exigir mudanças, tende a defendê-lo de alguma forma. Ou seja, há um sentimento ambivalente por parte do nacionalista. Quando um nacionalista critica atos de depredação contra um prédio da alerj ou da prefeitura, está defendendo o Estado, já que estes prédios são verdadeiros símbolos do mesmo. Quando um nacionalista carrega a bandeira, está demonstrando que sua paixão não é só pela cultura popular, já que a bandeira é um símbolo criado por aqueles que instauraram a república por aqui. Um símbolo inspirado, aliás, na bandeira do Brasil império.

É claro que nada impede que um símbolo seja admirado em sua condição estética. Afinal, quantos estrangeiros não acham a bandeira do Brasil bonita? Eu mesmo o acho. Mas não adianta se enganar alegando que sua admiração é puramente estética ao mesmo tempo que defende o Estado que é simbolizado. (Aliás, eu acho bonita a bandeira do Brasil como também acho bonita a bandeira do Nepal.)

É preciso, portanto, que as pessoas reflitam mais sobre suas paixões e entendam que estas devem ser direcionadas à cultura popular, nunca ao Estado. Sem esta mudança interna, jamais proveremos qualquer mudança relevante ao sistema político vigente, pois sempre ponderaremos o “mal” que faríamos ao Estado que nos governa, a ponto de ignorarmos o mal que nos governa.

sábado, 20 de julho de 2013

Casamento: um resquício do Estado religioso

A ideia de escrever este artigo veio das tentativas de muitos de tornar legítimo o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os que são contra costumam se firmar na definição de casamento dada pela constituição. Mas é importante lembrar que esta definição não quer dizer nada quando tratamos justamente de mudanças na lei. A lei deste país diz que casamento é entre um homem e uma mulher porque quem a escreveu assim resolveu. Mas tome-se como exemplo as leis de nações do oriente médio. Estas, em contraponto, definem o casamente de forma a poder ser poligâmico, diferente daqui. E existem ainda pelo mundo aldeias que permitem a poliandria (quando uma mulher se casa com vários homens).

Estas diferenças ocorrem por causa da religião em que estas leis se embasam. As nações poligâmicas do oriente médio utilizam o corão para justificar seu conceito de casamento. E nossa lei define o casamento como sendo entre um homem e uma mulher porque é baseada no catolicismo. De fato o casamento é um conceito religioso e o Estado não deve legislar sobre ele. Isto vai contra a ideia de um Estado laico. Deve ser deixado a cargo de cada religião o conceito de casamento. Que cada uma tenha o seu e o indivíduo se case na religião que quiser (ou que puder).

A solução que se adotou aqui para o problema do casamento entre pessoas do mesmo sexo foi a criação de um novo conceito, o de união homo-afetiva. É uma solução risível dado seu valor puramente simbólico. A união dá quase os mesmos direitos, se não os mesmos, que o casamento civil, apenas tem outro nome. Devemos definitivamente acabar com o conceito de casamento. Podemos, num primeiro momento, admitir o conceito de união apenas para não sermos radicais e facilitar as mudanças. Mas o conceito de união também é muito restritivo. E os muçulmanos que querem se casar com várias mulheres? Eles não podem ter esse direito? Além de outras formas de relacionamento ainda mais complexas. Só o que deve permanecer são contratos como os de comunhão de bens. Pois é sobre isto que deve haver lei. E o conceito de estado civil também deve desaparecer como consequência.