sábado, 3 de agosto de 2013

Aos policiais

Costumo ver os policiais como abelhas de uma colmeia ou formigas de um mesmo formigueiro, que sempre obedecem cegamente à rainha. A respeito, aliás, lembro-me de uma fábula sobre uma abelha que foi procurar emprego. Ao chegar na colmeia, ela pergunta sobre suas obrigações no trabalho.

―Você deve proteger a colmeia. Se algum bicho chegar perto, você deve ferroá-lo. Isto não o impede de atacar a colmeia, ainda mais se for um bicho grande. Mas as chances disso acontecer diminuem conforme mais abelhas o atacam.

―E o que eu ganho com isso?

―Logo depois da ferroada, você certamente vai morrer mas pelo menos terá defendido a colmeia. Depois disto, contratamos outra abelha para tomar seu posto.

―Tem algum seguro contra acidentes?

―Não pelas ferroadas, nem se você for atingida por um inimigo. Estes acidentes não são cobertos pelo seguro.

―E quais são os benefícios?

―Na verdade, não há benefícios… E então, vai querer o emprego?

―Sim.

Talvez esta fábula sirva bem para ilustrar o dilema dos policiais. Sabemos que existem bons e maus elementos na polícia. Mas os bons se enganam ao acreditarem piamente na hierarquia, mais do que nas próprias convicções. Melhor dizendo, quando a hierarquia, na corporação ou fora dela, se torna a maior convicção. Quando falo em hierarquia fora da corporação, refiro-me à subordinação ao governo. O policial deve ter em mente o próprio conceito de certo e errado, e se basear nele durante o trabalho.

Outra história que me remete é a de V de Vingança (os quadrinhos e o filme). A série se passa numa Inglaterra totalitarista. Dois dos personagens da trama são Eric Finch, chefe da Nova Scotland Yard e ministro de investigações, e seu parceiro Dominic Stone. Na história, eles são pessoas decentes e sem ambição que servem ao governo devido a um sentimento patriótico e por acreditarem na ideia de ordem que é propaganda do governo (Cabral e Paes à cabeça?). Até o momento em que descobrem as atrocidades cometidas por este governo e se lamentam por terem sido cúmplices durante tanto tempo.

Já soube uma vez de uma policial que foi promovida a delegada. Ela tentou corrigir certos problemas na delegacia, pequenas infrações por parte dos funcionários, até onde sei. Depois de pouco tempo, ela começou a receber ameaças anônimas e decidiu abrir mão do cargo. Na verdade, foi um medo irracional. O perigo é inerente à profissão e não há porquê um policial agir com base no medo. Se é pra ter medo, melhor abandonar a profissão. Quando um indivíduo escolhe ser policial, está ciente dos riscos envolvidos. É claro que não deve se arriscar desnecessariamente quando há uma segunda solução isenta de riscos. Mas tampouco deve temer agir como entende ser melhor.

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