domingo, 20 de março de 2016

Fora, Dilma!

Os últimos fatos da política têm movimentado todo o país, pelo impeachment de Dilma, pela investigação da Lava-Jato e punição dos envolvidos, pela reclusão do Lula, contra o aumento dos impostos, mas, principalmente, contra a corrupção. Uma parcela menor, mas não pequena, os “pró-Dilma” têm reagido contra as manifestações.

Quem são os pró-Dilma?

Numa primeira resposta, são os petistas. Mas quem são estes? Em parte muito menor, são pessoas alienadas que aderiram ao partido seja por acreditarem nas promessas do partido, seja por não terem gostado do governo FHC. A paixão é sempre perigosa, pois, como se diz, o amor é cego. Uma pessoa que adere a um partido e passa a defendê-lo, cometerá o erro de defendê-lo sempre, não importa a conduta de seus membros. Defender partido, qualquer partido, é sempre um erro.

Já em sua maioria, os petistas são sindicalistas. Defendem os direitos trabalhistas e os sindicatos, e creem que o PT é o partido que melhor representa esta causa. Dentre os petistas sindicalistas, a maioria é comunista/socialista. De fato, o PT sempre tirou proveito de uma imagem comunista. Apesar de nunca ter se declarado pública e explicitamente como tal, é declaradamente sindicalista, utiliza símbolos que remetem ao comunismo, como a estrela vermelha, símbolo da revolução guevarista, e tem demonstrado apoio a líderes de nações comunistas da América Latina, como Fidel Castro (Cuba), Hugo Chávez (Venezuela) e Evo Morales (Bolívia).

Vemos, inclusive, manifestações de apoio ao PT da parte de grupos socialistas, como a UJS (União da Juventude Socialista), grupo que tem por fim alienar adolescentes, que são naturalmente mais vulneráveis, razão por que se criar um grupo só para jovens. Esta imagem, porém, entra em contradição com os casos de corrupção de membros do partido, pois a corrupção dificulta a distribuição de renda, uma das causas comunistas. Isto evidencia os gestos aparentemente comunistas do PT como pura demagogia.

Não vai ter golpe… de quem?

O PT tem dado seu grito de guerra: “Não vai ter golpe!” Mas de quem seria o golpe? Dizem os petistas que é do PMDB. Afinal, o vice-presidente é peemedebista. Mas, com o impeachment, talvez a presidência não seja cedida a ele. E, de fato, não só o PMDB e sua base aliada demonstram querer o impeachment de Dilma, mas muitos outros partidos. Precisamente todos os partidos, exceto o PT e sua base aliada. Além disso, a maioria da população também tem exigido o impeachment. Seria um golpe popular? Não, pois o povo não tomaria o poder.

Por outro lado, vemos a presidente nomear o ex-presidente ministro chefe da Casa Civil, o segundo cargo mais importante de nosso sistema político. Com isso, os dois cargos mais importantes passariam a ser ocupados por petistas. Vemos então uma tentativa de golpe de Estado por parte do PT, principalmente se combinarmos estas informações com a delação de Delcídio antes da nomeação de Lula ministro, segundo a qual Dilma teria “rearranjado” o STF, nomeando ministros “simpáticos à causa”. E não seria exagero supor que as próximas etapas deste golpe seriam abranger o poder petista aos demais cargos políticos e garantir a permanência do PT no poder, em semelhança aos golpes aplicados em Cuba e na Venezuela, países, como já mencionado, apoiados pelo PT.

Crise ruim, crise boa

Sabemos que estamos passando por uma crise econômica. O governo fala ainda numa crise política, e que esta é pior até do que a econômica. Pois é bem o contrário. Vivemos, sim, uma crise política, mas, diferente da econômica, esta pode ser muito boa para o nosso país, em particular para a economia.

Observamos, primeiramente, que a crise política é resultado dos pedidos de impeachment e da operação Lava-Jato, que, por sua vez, foram motivados pela crise econômica. Crise econômica é inevitável no sistema capitalista, mas pode ser atenuada e seu agravamento pode ser evitado, com as devidas políticas. Um dos fatos que agravam uma crise econômica é a corrupção política, especificamente a retirada de recursos para contas não declaradas no exterior. Por isso as manifestações recentes contra a corrupção, evidência da conscientização política que o brasileiro tem tomado.

O governo tem reclamado que a crise política pode causar imobilização do governo, o que dificulta políticas que possam atenuar a crise. Mas é esta, em parte, a intenção das manifestações. Toda mudança relevante ou reforma, seja política, econômica ou, neste caso, ética/moral, tem por prelúdio uma crise. É o que chamamos de revolução. Neste caso, uma revolução popular. Isto acontece porque uma característica comum a todo sistema político é a ordem ou controle. É isto que dificulta qualquer reforma num sistema político, que nunca abre mão para mudanças. Esta característica se reforça com a estabilidade das instituições políticas; pois estabilidade é sinônimo de força. Portanto, só é possível uma reforma através da desestabilização, enfraquecimento das instituições políticas. Ou seja, é necessária a crise política para se conquistar qualquer reforma, mesmo a reforma ética ou moral.

Por outro lado, vemos que não procede o argumento de que a imobilização do governo impediria políticas pela atenuação da crise econômica. Como mencionado, a corrupção do governo agrava a crise, e medidas tomadas para “atenuá-la”, como o aumento dos impostos, só prometem agravá-la ainda mais, segundo opinião de especialistas. Assim a insistência dos governos em aumentar os impostos só pode ser explicada como mais uma forma de corrupção, uma tentativa de aumentar a renda para dela desviar mais verba. Portanto o governo é o principal responsável pelo agravamento da crise econômica, e sua imobilização é o que, ironicamente, promete acabar com a crise.

Por fim, concluímos que, além de maior conscientização política do povo brasileiro ao compreender as causas principais do agravamento da crise econômica, há também um raciocínio de longo prazo. Entende-se que, apesar de não resolver a crise econômica atual, o conjunto das exigências feitas pelos manifestantes causará receio aos políticos, que pensarão duas vezes antes de desviar recursos, reduzirá a corrupção e, como última consequência, evitará o agravamento de crises futuras, que certamente virão.

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